O Tecoste – Tecido, Costura e Arte – é a floração de sementes germinadas na comunidade da DR, em São Bernardo do Campo (SP). O cultivo desse jardim ocorreu entre 2009 e 2011, quando a ONG Mundaréu, a Fundação Volkswagen e a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo estabeleceram uma parceria para a implantação do programa Costurando o Futuro, com o objetivo de formar um empreendimento de geração de renda com 44 mulheres e uma oficina-escola de corte e costura para 120 mulheres de baixa renda.
O Tecoste foi o primeiro grupo formado de um ciclo que durou três anos. O primeiro ano foi dedicado ao desenvolvimento da qualidade dos relacionamentos interpessoais, noções básicas de gestão de negócios, finanças e, principalmente, o despertar de uma consciência coletiva e colaborativa que firmasse as raízes do próprio negócio. Afinal, não é pouco o desafio de transformar um agrupamento de mulheres em um grupo produtivo, orientado por valores e objetivos comuns.
No segundo ano, somou-se o desafio de aprender a costurar. Nenhuma das artistas da atual oficina sabia. Nesse ciclo de aprendizagem, quatro integrantes do grupo Tecoste, que já haviam feito o curso de corte e costura, ajudavam nas aulas de formação técnica e atuavam como multiplicadoras, compartilhando o aprendizado adquirido na formação empreendedora, com o objetivo de estimular a adesão ao grupo de novas colaboradoras.
A metodologia exigia que o grupo estivesse formalizado após os dois anos de formação, condição necessária para o recebimento do maquinário para sua oficina. O formato do empreendimento seria decidido pelo grupo. Chegava, então, o momento: “E agora, o que queremos ser quando crescermos?”.
Lusinete de Souza Almeida, uma das participantes, nos conta que, mesmo considerando o peso estratégico dessa definição, uma das maiores dificuldades foi estabelecer confiança e diálogo, elos estruturais de toda associação, e acreditar que tinham um objetivo comum e competências individuais e coletivas que garantissem o sucesso do empreendimento. Resumindo: a sustentabilidade poderia estar em risco dentro de casa.
A solução do dilema surgiu em 2011, quando foram selecionadas por sorteio, pela incubadora de economia solidária de São Bernardo, e receberam orientação para formalizar o grupo, quando definiram que seria uma cooperativa com dez costureiras. Os elos ainda eram frágeis e cinco desistiram. Hoje, são um grupo forte de cinco costureiras simpáticas, criativas e dedicadas que trabalham na confecção de produtos variados, desde aventais, bolsas, mochilas, acessórios e até brindes, muitos brindes.
A Fundação Volkswagen ainda figura como principal cliente do grupo, fornecendo uniformes e camisetas que são tratados e aproveitados em novos produtos, bem como no exercício da prática de sua logística reversa, fornecendo matérias-primas provenientes de retalhos e amostras de tapeçaria, transformados em brindes vendidos à própria empresa.
Projeto Tecoste
Artigo escrito originalmente para a revista Costura Perfeita em 2016 e atualizado em 2024.
Edição 91 – Ano 2016
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