Da Favela Para o Mundo: Costurando a Nova Revolução Pela Moda

Desfile da marca Eleva, com modelos da comunidade de Paraisópolis. Foto: Cibele de Barros

A costura em tempos de pandemia de Covid-19 tem sido o baluarte da sobrevivência de muitas mulheres em territórios vulneráveis. Costurando em suas casas, atuando em redes de produção ou solidariedade, mãos e máquinas vibram incansáveis na confecção de máscaras que podem salvar vidas, renovando os votos de uma profissão que sangrava no preconceito, na desvalorização e na invisibilidade. Costureiras organizadas e com um propósito dessa nobreza podem fazer uma revolução! Adicione criatividade, empatia e oportunidade e teremos um novo tecido social da costura. Se a moda, essa ferramenta tão poderosa, entender esse recado, mudaremos o rumo da pobreza e exclusão de muitas famílias. A Costurando Sonhos Brasil e o G10 das Favelas estão atentos, e nada poderia ser mais animador e revigorante para o momento do que o lançamento de uma nova marca de vestuário sustentável e acessível a todos: a Eleva, desenvolvida pela designer Sara Luisa. 

Essa narrativa poderia ser apenas mais um capítulo na trajetória heroica de Sueli e Nilde, fundadoras da Costurando Sonhos Brasil, que já apresentamos nesta coluna, um empreendimento de inclusão e geração de renda por meio da costura, mas o contexto tão excepcional dessa realização supera o glamour e a beleza da nova coleção, Volare, dando lugar a um desfile de potenciais novos significados para a vida de muitas mulheres de comunidades das periferias, onde a metodologia será replicada em nove estados brasileiros que integram a rede do G10 das Favelas, uma plataforma de líderes comunitários e empreendedores de impacto social das dez maiores favelas do país para, juntos, criarem um ambiente favorável e estruturado de investimentos em empreendimentos de impacto social, alavancando inclusão e desenvolvimento econômico.

Palco do amadurecimento político das engrenagens comunitárias locais, a Associação de Moradores de Paraisópolis, com apoio logístico do G10 das Favelas, criou teias potentes de apoio à sua população no enfrentamento à pandemia, dando um show de competência na articulação de ações de mobilização, rastreamento de casos e testagem, conscientização, atendimento porta a porta e melhorias das condições sanitárias e de segurança alimentar.

Como forma de driblar o forte impacto na economia, intensificou-se o estímulo ao consumo de pequenos negócios locais, inclusive para o fornecimento dos itens de higiene, cestas básicas e a confecção de máscaras. Em um esforço coordenado de combate à fome e ao desemprego na comunidade, a Costurando Sonhos Brasil ampliou sua rede de colaboradoras para 64 costureiras, que já produziram 400 mil máscaras, trabalhando de suas residências, das quais 270 mil foram doadas à comunidade. Interessante como períodos de adversidade nos despertam para soluções que ampliam oportunidades. Das máscaras para a moda, um ensaio de práticas e aprendizagens que deve motivar e revelar talentos periféricos no recém-lançado G10-FW! Fashion Week das Favelas, previsto para abril de 2021. Com o tema: “Nosso Jeito”, o projeto tem concepção, criação e mentoria de Jum Nakao; produção da Costurando Sonhos Brasil e realização do G10 das Favelas. 

Desfile da marca Eleva, com modelos da comunidade de Paraisópolis. Foto: Cibele de Barros

Para saber mais e entrar em contato, visite o site dos projetos 

Costurando Sonhos Brasil

https://costurandosonhosbrasil.com.br

G10 das Favelas

https://g10favelas.com.br

eSolidar

https://www.esolidar.com

Artigo escrito originalmente para a revista Costura Perfeita em 2020 e atualizado em 2024.

Edição 117 – Ano 2020

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