Costura é Saúde!

Costura é Saúde!
Projeto Reaprendendo A Viver: Da Esq. para a Dir., Lúcia Oliveira Lopes, Rita Damasceno, Felisma de Moraes, Isabel Frazão e Dirce Albuquerque de Freitas. Foto: Juliane Campos

Acredito que a única moda que existe para ficar é a moda humanitária. Nessa categoria, a saúde física e mental são as principais matérias primas.

Entre as oficinas de trabalho amparadas pelos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), dispositivo importante para a reforma psiquiátrica brasileira e o fortalecimento do movimento antimanicomial, a costura tem outro propósito: a cura. Alinhavar o restabelecimento do sujeito social, em suas relações e no trabalho, com geração de renda. Convido vocês a conhecerem duas dessas oficinas.

Projeto Reaprendendo a Viver

Dirce Albuquerque, monitora da oficina terapêutica e geração de renda Reaprendendo a Viver, idealizou o projeto por anos até ele ser qualificado pelo Ministério da Saúde como terapêutico, em 2011, e ativado nas instalações do Nutrarte, em São Bernardo do Campo (SP).

O projeto era uma novidade. Não tinham nada e não sabiam costurar. O plano era produzir bolsas, sacolas, nécessaires, mochilas e outros acessórios com retalhos de tapeçaria. Buscaram doadores de tecidos, equiparam a oficina e, por dois anos, seguiram sozinhas, remodelando a vida e a formação do grupo. Em 2014, foram adotados pela incubadora de Empreendimentos Econômicos Solidários, de São Bernardo do Campo, que, em parceria com a Universidade Metodista, assessorou a formação do empreendimento. Orientadas por Renata Mendes, ingressaram também no Programa Educativo para Públicos Especiais, da Pinacoteca de São Paulo, onde foram aprender sobre arte. Um ano depois, nasceu o livro-obra Histórias para Ver, com serigrafias assinadas por elas.

Costura é Saúde!
Alunas nas máquinas de costura. Foto: Juliane Campos

Criatividade, arte e costura, uma combinação poderosa! Das gravuras surgiram bolsas e quantas criações ainda virão… Dirce e as meninas acreditam na magia da costura e da arte para a superação das fragilidades do corpo e da alma. Lá, a costura serve à pessoa e a produtividade está no olhar. Com respeito e cuidado, preservam a saúde, a beleza e a qualidade de seus produtos, vendidos no local, em feiras e por encomenda.

Costura é Saúde!
Projeto Tear: Da Esq. para a Dir., Daniel Pereira Barbosa, Geovan José de Lima, Maria Gilsoneide Moraes Oliveira e Estéfane de Oliveira Neves. Foto: Carina Barros

Projeto Tear e Costura

O Projeto Tear foi criado em 2003 pela Prefeitura de Guarulhos (SP) em parceria com a Pfizer e a Associação Cornélia Vlieg, para promover a inclusão social de pessoas em situação de sofrimento psíquico por meio do trabalho. São várias oficinas artesanais que operam na lógica da economia solidária e o cooperativismo social. Desde a fundação, os teares da oficina de costura foram a inspiração na tessitura do projeto. Fiéis ao termo, os teares entram em cena para cumprir a missão de reorganizar processos de vida dilacerados. A costura, na promessa de união das partes e composição da forma, dá estrutura e protagonismo ao sujeito, e a moda aqui é criar novos horizontes e um novo lugar para ser feliz.

Costura é Saúde!
Reorganizando projetos de vida dilacerados. Foto: Carina Barros.

Na Oficina de Tear e Costura trabalham 15 pessoas, homens e mulheres entre 20 e 64 anos. E tem fila de espera para costurar! Lá produzem peças de tear, corte e costura, pintam e bordam, e já começam a cuidar da gestão do negócio solidário. O envolvimento na administração, nas finanças e nas vendas é uma importante alavanca de capacitação profissional. Na organização do trabalho, sete pessoas costuram, quatro tecem, três fazem os acabamentos e um fica no administrativo. No portfólio, bolsas, xales, mantas, tapetes, itens de decoração, cama, mesa e roupas. Os produtos são vendidos na loja, pelo site e por encomenda.

Projeto Reaprendendo a Viver

Projeto Tear e Costura – Para saber mais, visite a página no instagram: @projetotearguarulhos

Artigo escrito originalmente para a revista Costura Perfeita em 2016 e atualizado em 2024.
Edição 89 – Ano 2016
Clique aqui para acessar a publicação.

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