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Mundo Sentido, Muda Sentidos! Até do Uniforme!

Jonas Lessa, gestor ambiental e diretor da Retalhar.

Em tempos de repensar as lógicas de escassez e de abundância de recursos, “vestir a camisa” poderá estender o seu engajamento ecológico e social até que a última fibra resista, quem sabe, aquecendo alguém nas ruas da cidade. Apresento uma iniciativa que se propôs a virar uniformes do avesso para entender e buscar alternativas mais sustentáveis e responsivas ao clássico problema do descarte de uniformes profissionais. A ousadia e a consciência ambiental de Lucas Corvacho, biólogo e gestor, ocuparam a empresa de confecção de uniformes da família, onde esta história tem início, em 2012, trazendo um impulso de criatividade e inovação ao modelo tradicional de confecção que já não vestia os seus ideais com o mesmo charme.

O movimento de transformações internas, nos eixos cultural e ambiental, segue acelerado e, logo, associa-se a Jonas Lessa, gestor ambiental, com quem aprimora o desenho de um empreendimento social de impacto que começa nas costuras e descosturas de uniformes profissionais até fundarem a Retalhar, inicialmente um projeto de sustentabilidade da empresa Lutha Uniformes. Foram vários ensaios de orquestra, desde a implementação do sistema de coleta seletiva, engajamento de colaboradores, até se debruçarem sobre o problema dos desperdícios no processo produtivo, destinação de resíduos e descarte de uniformes, com o viés da inclusão social e econômica solidária.

Equipe da Retalhar

Seguindo o roteiro desenhado para eles, logo começaram a receber chamados de clientes preocupados com o descarte de resíduos pós-consumo, ou seja, o tal uniforme cansado de guerra em busca de paz. O chamado era sério e o problema, grande. Buscaram soluções nas cooperativas de costureiras, com quem transformavam os uniformes usados em brindes e em simpáticas peças de vestuários, e a indústria recicladora, para entenderem como absorver esta demanda e escalar uma solução. O ponto de iluminação aconteceu quando se percebeu que, além da meditação, ofereciam o nirvana para empresas de grande porte, pressionadas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, na responsabilização compartilhada pelo ciclo de vida de seus produtos, destinação dos resíduos sólidos e de consumo, como uniformes.

Precisavam equalizar a capacidade de resposta, encontrada na indústria recicladora, em que poderiam desfibrar os uniformes e retorná-los ao estágio de matéria-prima para reinseri-los no setor produtivo. O processo exige um manuseio cuidadoso, desde a coleta, a separação e a remoção de não tecidos e a descaracterização das peças, minimizando riscos para o cliente. O serviço de logística reversa de uniformes que desenvolveram agrega ainda a parceria com a YouGreen, uma cooperativa de catadores que realiza a coleta e a separação de tecidos, oportunizando trabalho digno a pessoas em situação de vulnerabilidade social. Esse serviço admite duas categorias de investimento: pagamento por quilo de tecido, pela destinação adequada dos uniformes, entenda-se aqui, alternativa à incineração, que queima a matéria–prima, e a própria lógica do modelo; e recompra por unidade de produto transformado, que pode ser em brindes e cobertores populares.

Cinco anos depois, o negócio social acumula credenciais, como o Prêmio Empreendedor Social, em 2016, e a ambição de estender sua atuação para franquias sociais e na pesquisa de inovação. Estamos torcendo por vocês! Alguém aí tem problemas com uniformes para resolver?

Retalhar

Para saber mais e entrar em contato, visite o site do projeto

https://www.retalhar.com.br

Artigo escrito originalmente para a revista Costura Perfeita em 2019 e atualizado em 2024.

Edição 109 – Ano 2019

Clique aqui para acessar a publicação.

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